hip hop
É quinta-feira e os membros da Posse Ori chegam à sede da UNEGRO, no Pelourinho, para a reunião semanal. Ou é domingo e, pelo mesmo motivo, os integrantes da Posse Unidos pela Consciência (UPC) se dirigem a casa de Mário, na Baixa da Soronha, bairro de Itapuã. Alguns são jovens, outros nem tanto. Chegar até eles não é fácil. Poucos concordam em dar o nome ou a idade; outros preparam um extenso interrogatório antes de fornecer qualquer resposta. Para driblar esta desconfiança dos manos do Movimento Hip Hop, a solução é deixar para trás as reservas e mergulhar no cotidiano destas pessoas: as reuniões, as festas, os objetivos.
O Movimento funciona como estratégia de mobilização social, utilizando a expressão artística - rap, break e grafite - para discutir e solucionar as contradições da realidade da periferia. Ingressar nesta tribo é optar por um estilo de vida diferenciado e assumir uma postura de consciência crítica frente ao governo, os meios de comunicação e o sistema educacional. "Eu me sinto parte do Movimento a cada instante. Desde quando acordo, até a hora de dormir eu sou Hip Hop...", explica Cláudio Eduardo Araújo, 18 anos, "... e ter uma consciência Hip Hop é desempenhar seu papel na sociedade e informar a todos sobre a importância de também agir assim". Cláudio é membro da Posse Ori (em yorubá, cabeça, inteligência), a mais antiga da cidade.
Em uma pesquisa sobre o tema, Daniela Souza, vocalista da banda de rap O Grito!, e Tatiane Silva explicam que as posses são agregações de hip hoppers, que promovem atividades de caráter político-social, como visitas a comunidades, participações em eventos vinculados à defesa dos Direitos Humanos, promoção de oficinas, palestras de formação e shows beneficentes.
A Ori, por exemplo, realiza palestras em escolas públicas e associações comunitárias. "Se o tema escolhido é violência, a gente fala sobre todos os tipos: desemprego, geladeira vazia, policiais desrespeitosos, falta de atendimento num hospital... tudo isso é violência", explica Florisvaldo de Jesus Filho, o rapper Dinho, vocalista da Elemento X. Nos dias 17 e 18 de abril, a organização promoveu a Marcha contra a violência, contra o desemprego e pela paz, com o apoio de sindicatos, do MST, da CNBB e do Sesi. Foram 24 horas de caminhada ininterrupta pela periferia de Salvador, promovendo ações gratuitas como cortes de cabelo, distribuição de roupas, preservativos e medição da pressão arterial . "As pessoas aplaudiam os meninos nas ruas e eu chorava o tempo todo", lembra Jussara Rocha dos Santos, 32, que tornou-se mais um membro da Ori após ter participado do evento. Outra Marcha deve acontecer até o fim deste ano.
Além da Ori, existem, em Salvador, outras posses nos bairros de Valéria e Nordeste de Amaralina, além da UPC, que fica em Itapuã...
WELINGHTON,JADE,EMILE,LUANA e DEISE M06
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